DISCURSO DE RECEPÇÃO CARLOS AUGUSTO AYRES DE FREITAS BRITTO NA AIDE

Data: 29/11/2016
Fonte: AIDE – Academia INternacional de Direito e Economia
Resumo:
Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto, casado com D. Rita de Cássia e pai de Marcelo, Adriana, Adrieli, Tarian e Nara, é um dos juristas mais respeitados do país e dos mais talentosos poetas da atualidade, sobre ser orador cuja palavra, dotada de vigor, serenidade e elegância, consegue, simultaneamente, convencer, encantar e impor seu pensamento.
Carlos não é orador dos grandes arroubos, mas de permanentes argumentos de convicção, tendo presidido o Supremo Tribunal Federal, no espinhoso caso da AP 470 – em que 40 participantes do governo Lula foram denunciados -, com rara eficiência e admirável precisão. Conseguiu encaminhar a solução final, nos seus 11 meses de presidência, algo que, nos anos anteriores, não fora possível e sequer imaginável.
Formado em Direito pela Faculdade da Universidade Federal de Sergipe, fez seu mestrado e doutoramento na PUC de São Paulo, ocasião em que travamos nossa amizade, orientado que foi por nosso saudoso amigo Celso Bastos. Já lá se vão mais de 30 anos.
Como brilhante constitucionalista, naquela Universidade assistiu o nosso colega e amigo comum, atual presidente da República Michel Temer, na cadeira de Direito Constitucional, disciplina que lecionou na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Sergipe. Deu cursos em diversas Universidades Federais como da Bahia, Santa Catarina e outras.
Seu currículo acadêmico é imenso, assim como intensa sua atuação na advocacia, participando da OAB, no Poder Executivo, como Consultor Geral do Estado, Procurador Geral do Estado, Procurador do Tribunal de Contas e chefe do Departamento Jurídico do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado, à época do governo de meu grande amigo João Alves.
Somos confrades na Academia Brasileira de Letras Jurídicas, onde tive o prazer de ser seu eleitor entusiasta, visto que sou, pelos meus próprios 81 anos, dos mais antigos acadêmicos da ABLJ, fundada pelo inesquecível Othon Sidou.
Não vou enumerar os diversos títulos, condecorações e obras escritas por Carlos Ayres, pois isso tomaria um tempo enorme desta saudação, que deve ser breve. É tão extenso seu currículo quanto brilhantes as suas manifestações técnicas ou jornalísticas, de teor sempre relevante para o direito, razão pela qual bem mereceu todas as condecorações que recebeu.
Nesta academia, que foi fundada para criar um diálogo imprescindível e uma linguagem comum entre economistas e juristas, no ano de 1986, com 25 cadeiras para juristas, 25 para economistas e 15 cadeiras para acadêmicos estrangeiros, convivemos e disponibilizamos o currículo completo de todos os acadêmicos. O brilhante currículo do Ministro Carlos Ayres está em nosso site.
Quero, todavia, contar dois eventos que demonstram a fineza de Carlos Ayres como brilhante jurista, excelente poeta e amigo de trato fidalgo.
O primeiro foi quando de minha admissão para a Academia de Letras de Sergipe, como sócio correspondente. Carlos fez questão, nada obstante as inúmeras atribuições como presidente do STF, de viajar de Brasília a Sergipe para recepcionar-me com um discurso comovente. O gesto nunca será esquecido.
O segundo foi, à época em que presidia a Academia Paulista de Letras, recebe-lo para o lançamento de sua trilogia “A vida por um três”, que teve a presença da grande maioria dos acadêmicos paulistas e, principalmente, do Príncipe dos Poetas brasileiros, Paulo Bomfim. O sucesso foi absoluto com a unanime opinião dos presentes de que Carlos Ayres era, indiscutivelmente, uma das grandes expressões da moderna poesia brasileira.
Como um velho cultor da forma, que foi a característica maior do Movimento a que pertenço (Geração de 45), fundado por Geraldo de Camargo Vidigal, e na poesia, preferindo eu o estreito limite do soneto, tanto do inglês, como o do italiano —Paulo Bomfim denomina o soneto, de traje a rigor da poesia–, impressionou-me que, rejeitando tais vertentes, em versos líricos, com esplendorosas imagens com denso conteúdo poético, Carlos Ayres escreve poesia e das boas, podendo ocupar qualquer cadeira de letras de qualquer Academia do mundo.
Minha admiração por Carlos Ayres é, portanto, uma admiração quase mística, se pudermos trazer o adjetivo para a literatura, pois, a sua poesia, vence a barreira do tempo e do espaço e penetra universos além da imaginação, não poucas vezes com versos de tal simplicidade, que parece ser um fotógrafo da natureza interior do ser, sem qualquer véu e sem segredos. Diria que Carlos Ayres é o poeta de um cotidiano universal, o que torna sua poesia de uma grandeza que transcende os estilos e as escolas da atualidade.
É, portanto, ao homem do Direito, das Letras e da Pátria –assim se houve na espinhosa missão que desempenhou na condução da AP 470, com profundo respeito à lei, à estabilidade das instituições e à Justiça–, sendo, pois, figura que ingressa na AIDE, com um perfil digno de ser biografado por Plutarco, se tivéssemos um Plutarco no Século XXI.
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