QUADRAS DE UM VELHO VERSEJADOR

 

 

 

QUADRAS DO COTIDIANO

 

 

 

 

 

 

CXLI

Eu gosto de dirigir,

Mas peço ao anjo da guarda,

Que faça a lei eu cumprir

Sem enfrentar quem de farda.

Jaguariúna, 30/12/2017.

CXLII

Contra o mal a salvaguarda

É ter Deus por Comandante,

Todos os dias são de guarda

E o pecado bem distante.

Jaguariúna, 30/12/2017.

CXLIII

Para Ruth

Mesmo velho sou amante

De um amor da juventude.

É de mim a Comandante

E modelo de virtude.

Jaguariúna, 30/12/2017.

CXLIV

O meu neto está comigo,

Eu chamava-o Guilhermão,

Desde cedo meu amigo,

Torna pleno o coração.

Jaguariúna, 31/12/2017.

CXLV

Para Ruth

Meu coração vibra intenso

Quando vejo meu amor,

O meu querer é tão denso

Que num verso não sei por.

Jaguariúna, 31/12/2017.

CXLVI

Para Ruth

O coração a bater

Tem nele seu nome inscrito,

Pois sinto que meu querer

É bem maior que o infinito.

Jaguariúna, 31/12/2017.

CXLVII

Navego em mares bravios,

Timoneiro de teu barco,

Os porões nunca vazios

De teu amor tem o marco.

Jaguariúna, 31/12/2017.

CXLVIII

Mais um ano chega ao fim,

Ao meu Deus dou toda a graça,

O meu lar é meu fortim,

Na vida lá bebo a taça.

Jaguariúna, 31/12/2017.

CXLIX

Meu espaço imaginário

Eu descubro em cada verso,

Assim fecho o calendário

No meu pequeno universo.

Jaguariúna, 31/12/2017.

CL

Os navegantes do espaço

Com as velas enfunadas,

Descobrem mar de sargaço,

Nas caravelas douradas.

Jaguariúna 31/12/2017.

CLI

Ouço o barulho dos netos,

Uma grande gritaria,

Que trilhem caminhos retos

Sob o manto de Maria.

Jaguariúna, 31/12/2017.

CLII

Quanto mais o tempo passa

Vejo o sentido da vida,

Só no amor a toda a raça

E ter em Deus a guarida.

Jaguariúna, 31/12/2017.

CLIII

Muita chuva neste dia,

Um ano novo começa,

Mãe de Deus, Virgem Maria,

Neste amor, uma só peça.

Jaguariúna, 31/12/2017.

CLIV

Os meus cavalos alados.

Levam guerreiros do bem,

Combatem mundos nublados

Nos horizontes do além.

Jaguariúna, 01/01/2018.

CLV

Romper a dura barreira,

Que bloqueia a inspiração,

Faz desta a doce barqueira

Dos versos no coração.

Jaguariúna 01/01/2018.

CLVI

Dos filmes de ficção,

Gosto daqueles do espaço,

As naves de exploração

Acompanho a cada passo.

Jaguariúna, 01/01/2018.

CLVII

No universo a nossa terra

Em tamanho nada vale,

Mas o povo que se encerra

Não há noutro em que se escale.

Jaguariúna, 01/01/2018.

CLVIII

O céu nublado parece

Por sobre a vida seu véu,

Mas a força de uma prece

Tira a nuvem, mostra o céu.

Jaguariúna, 01/01/2018.

CLIX

Meu fascínio pelo espaço

E pelos mares salgados,

No meu viver deixa um traço

De versos mal acabados.

Jaguariúna, 01/01/2018.

CLX

Eu singro mar de sargaços,

Cavalgo cavalos pampas,

Navego longos espaços,

Lançando naves por rampas.

Jaguariúna, 01/01/2018.

CLXI

Para Ruth.

Cadernos e mais cadernos,

Toda a vida preenchi,

Nos meus amores eternos,

Em versos só para ti.

Jaguariúna, 01/01/2018.

CLXII

As caravelas sem celas

Tinham velas amarelas

Içadas em telas belas

Pelas suas sentinelas.

Jaguariúna, 01/01/2018.

CLXIII

Para Campos de Jordão

Vamos todos da família

Está frio este verão

Mas seguiremos a trilha.

Jaguariúna, 02/01/2018.

CLXIV

A disciplina não gera

A inspiração desejada,

Mas se se ficar na espera

A pena resta parada.

Jaguariúna, 02/01/2018.

CLXV

O cinza da longa estrada

É monótono e bem frio

Como a extensa caminhada

De meus versos sem estio.

Jaguariúna 02/01/2018.

CLXVI

Mais uma vez na piscina

Meus exercícios eu fiz,

Em Campos, Ruth é menina

E com ela sou feliz.

Campos de Jordão, 04/01/2018.

CLXVII

O casario na estrada

Quebra o verde marginal,

A montanha arborizada

Serve a todos de sinal.

Estrada para Campos de Jordão,

02/01/2018.

CLXVIII

Hoje perdi minha aliança,

Meu casamento porém

É bem mais forte e se lança

Sempre em torno de meu bem.

Campos de Jordão, 02/01/2018.

CLXIX

Finalmente foi achada

A minha aliança perdida,

Ostenta o nome da amada

Que fez valer minha vida.

Campos de Jordão, 03/01/2018.

CLXX

O meu humor bem se exaure

Ao ver a nação roubada,

No planeta Alfa Centauro

Mesmo a vida foi tirada.

Campos de Jordão, 03/01/2018.

CLXXI

Enquanto estou aguardando

Ruth descer para o chá

Eu vejo de quando em quando

O que na Internet está.

Campos de Jordão, 04/01/2018.

CLXXII

Um Black Label no bar

Eu bebo, despreocupado,

Prometo não trabalhar,

Com minha neta do lado.

Campos de Jordão, 04/01/2018,

CLXXIII

Em Campos sempre descanso,

Com a  família aproveito,

As férias são um remanso
No qual eu fico refeito.

Campos do Jordão, 04/01/2018.

CLXXIV

 

Os romances que hoje leio

Já não me causam prazer,

Tornam o mundo mais feio

E mais amargo o viver.

Jaguariúna, 01/01/2018.

CLXXV

Retorno a busca de espaços

De novo para meus sonhos,

Meu infinito num passo

Descubro em rostos risonhos.

Campos de Jordão, 04/01/2018.

CLXXVI

Para Ruth

Caravelas pelo céu,

Naves do espaço no mar,

Asteroides sem seu véu,

E sonhos no teu olhar.

Campos do Jordão, 04/01/2018.

CLXXVII

Em meus barcos de papel,

Ultrapassei o Universo,

Naveguei além do céu,

Por timoneiro meu verso.

Campos de Jordão, 04/01/2018.

CLXXVIII

Eu sonhei já ter sonhado,

Ser cavaleiro do bem,

Vencendo o mal, trespassado

Por minha espada também,

Campos do Jordão, 04/01/2018.

CLXXIX

O céu nublado e cinzento,

Tem um triste colorido,

O dia frio e sem vento

Torna tudo indefinido.

Campos do Jordão, 05/01/2018.

CLXXX

Aos oitenta e dois mantenho

Meus sonhos quando menino,

Mas o tempo eu não retenho,

Pois encurta meu destino.

Campos de Jordão, 05/01/2018.

CLXXXI

Faltam-me só trinta e cinco

Simples quadras no caderno

Para acabar, neles finco

Meu repúdio ao qu’é moderno.

Campos de Jordão, 05/01/2018.

CLXXXII

Os festivais primitivos

Com danças erotizadas

Saltam fora dos arquivos

Da história e geram baladas.

Campos de Jordão, 05/01/2018.

CLXXXIII

Há no quarto uma sacada

Onde me sento por vezes,

A minha história passada

Eu revejo todos meses.

Campos de Jordão, 05/01/2018.

CLXXXIV

Hoje tomo um velho Chivas,

Lembrando tempos de antanho,

As memórias sempre vivas

Deixam-me, às vezes, estranho.

Campos do Jordão, 05/01/2018.

CLXXXV

Divertículo incomoda

E provoca muito engasgo,

Como o passar de uma roda

Ou ter na garganta um rasgo.

Campos de Jordão, 05/01/2018.

CLXXXVI

Mais uma noite sem lua,

A escuridão do noturno

Torna a vida bem mais crua,

Dando-lhe um toque soturno.

Campos de Jordão, 05/01/2018.

CLXXXVII

O mundo sem caravelas

De há muito perdeu o encanto,

Minhas quadras paralelas

Já não cabem no meu canto.

Campos de Jordão, 05/01/2018.

CLXXXVIII

Não sei mais o que escrever

Para encher o meu caderno,

Permanece o bem querer

Em quadras de amor eterno.

Campos de Jordão, 05/01/2018.

CLXXXIX

Mesmo com chuva o descanso

Reconforta minhas férias,

Nas leituras, eu avanço,

Atraso, em muitas matérias.

Campos do Jordão, 06/01/2018.

]

CXC

George Henry, um velho amigo,

Morreu quase centenário,

Regente no estilo antigo,

Tornou-se mestre lendário.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CXCI

Tomo agora uma cachaça,

Ou melhor, a caipirinha,

É da terra do Chalaça,

Faz lembrar a moreninha.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CXCII

Em meus sonhos navegante

Sempre fui desde menino,

Também cavaleiro andante

Em busca do meu destino.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CXCIII

Eu  não queria crescer

Desde meu primeiro verso,

Mas mantive em meu viver

O meu sonho não disperso.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CXCIV

Todo o poeta é menino

Nos versos, um sonhador,

Desafia o seu destino

E vive de amor e dor.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CXCV

Quem na vida cantador

Do que vai no coração,

Tem na vida mais calor

E o que faz, não faz em vão.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CXCVI

Hoje, meus netos brigaram,

Star Wars e Star Trek,

Foram porque se atracaram,

À discussão pus um breque.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CXCVII

Retorno ao tema central,

Sempre fui um cantador,

Pendurados num varal

Meus versos foram de amor.

Campos do Jordão, 06/01/2018.

CXCVIII

Para Ruth.

Cantador canta o calor,

De querer quem muito quero,

Desde cedo o mesmo amor,

Um amor puro e sincero.

Campos do Jordão, 06/01/2018.

CXCIX

Sinto música judaica

Correr nos versos que faço,

Muito antiga, mesmo arcaica,

Ultrapassa tempo e espaço.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CC

Para Ruth.

Campos, num fim de tarde,

Há pouca luz no jardim,

O sol distante inda arde,

Tal teu amor arde em mim.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CCI

Cavalos cavalgam prados

Em carros sem roda e jogo,

Por sobre campos cevados,

Por sobre terras de fogo.

Campos de Jordão, 06/11/2018.

CCII

Mais difícil cada vez

Caminhar, é minha artrite,

Mas eu ando, todo o mês,

Não deixo qu’isto me irrite.

Campos do Jordão, 06/01/2018.

CCIII

Enquanto leio, Regina

E  Ruth falam bastante,

É bem olhar de menina

Que ostentam não tão distante.

Campos de Jordão, 06/01/2018.

CCIV

Há muita chuva na estrada,

É de Campos do Jordão,

E na volta sem parada,

Escrevo esta quadra a mão.

Estrada de Campos do Jordão, 07/01/2018.

CCV

O Padre chegando está,

Primeira vez no país,

Andando de lá pra cá,

Torna a família feliz.

Estrada de Campos do Jordão

para Jaguariúna, 07/01/2018.

CCVI

Quando o dia está chuvoso,

Quando há nuvens pelo céu,

Luto contra o tom pastoso

Que me cobre como um véu.

Estrada Campos-Jaguariúna, 07/01/2018.

CCVII

Os sonhos dos cavaleiros

Parecem coisas de antanho,

Já não são mais sinaleiros,

Hoje o mundo é mais estranho.

Rodovia D. Pedro I, 07/01/2018.

CCVIII

Para Ruth.

Minha voz emudeceu,

Já não sou mais cantador,

A inspiração feneceu,

Mas por ti não meu amor.

Rodovia D. Pedro I, 07/01/2018.

CCIX

Cantador canto silente,

O cantar do velho bardo,

Meu versejar diferente

Torna-me um vate bastardo.

Rodovia D. Pedro I, 07/01/2018.

CCX

Quanto mais velho, mais canto

Meu passado e meu presente,

Tudo sempre causa espanto

Na minha vida docente.

Rodovia D. Pedro I, 07/01/2018,

CCXI

Chego ao fim de meu caderno,

Algumas quadras e pronto,

Sem temas do mundo interno

Nos versos porei um ponto.

Rodovia Mogi Mirim, 07/01/2018.

CCXII

Para Ruth.

Quantos livros eu já li,

Ficarão eles pra quem?

São os de versos p’ra ti,

Mas os outros p’ra ninguém.

Jaguariúna, 07/01/2018.

CCXIII

São 3 quadras ao final

Que faltam p’ra terminar,

Eu combati sempre o mal,

Sem o mundo melhorar.

Jaguariúna, 07/01/2018.

CCXIV

Minha nau é de esperança,

Quando o mar é tormentoso,

Quando o mal mais nele avança,

Mais me torno corajoso.

Jaguariúna, 07/01/2018.

CCXV

Minha quadra derradeira,

O caderno inteiro cheio,

São versos feitos à beira

De meu pensar sem receio.

Jaguariúna, 07/01/2018.