CANTO III

 

I

Os dois irmãos protetores,
Quando o sol pintava cores,
Encontraram-se, por fim,
O céu tisnado em azul
Mostrava o caminho sul
Para o mais belo jardim.

II

A princesa Catarina,
Com sorriso de menina,
Viu o príncipe encantado,
Apaixonou-se de pronto
E transformou o seu canto
Ao jovem Carlos chamado.

III

Carlos também viu a bela,
Tão linda quanto Anabela,
E apaixonou-se de vez.
Ficaram a sós os dois,
Deixando para depois
A concessão de mercês.

IV

Quando os quatro jovens nobres,
Sentando assentos de cobre,
Perceberam seu amor,
Pensaram como fazer
Nos pais desaparecer
O permanente rancor.

V

Queriam unir os reinos
Mas diplomatas sem treinos
Desconheciam caminhos,
Pois tendo um amor tão forte
Queriam mudar a sorte
Desta batalha de espinhos.

VI

Pensaram buscar dragões
Nos mais distantes rincões
Para trazerem a paz,
Pois os dragões, quando amigos,
Defendem-nos dos perigos
Que uma guerra sempre traz.

VII

E decidiram, portanto,
Escondidos no seu manto
Irem ao reino terceiro,
Procurar do rei dragão,
Co’a força do coração,
A força de cavaleiro.

VIII

E seguiram seus cavalos
Sem nada por ampará-los
Senão coragem e espadas,
Eis quando bate a paixão
Não há temor, não há não
Que desfaça tais cruzadas.