A chuva, que tombou hoje de tarde,
Com tristeza, saudou este ano novo,
Que, tímido bem mais do que covarde,
Inicia o caminho junto ao povo.
Há fome provocada no país
E a corja, que o governa, é satisfeita.
Faz muitos anos que a Nação feliz
Deixou de ser. O tempo é de colheita.
A messe traz o sal do desespero
E a gente vive agora a tempestade,
Sorvendo o fel da taça, por inteiro.
A dor, na terra, perde a própria idade.
Que este ano novo, assim, não se acovarde
Tal como fez a chuva de hoje à tarde.